Como Eduardo Cunha se tornou o "rei da
manobra" no Congresso?
Fonte: UOL Noticias - 01032016
A forma com que o presidente
da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), utiliza o regimento interno da
Casa para favorecer suas posições políticas e a estratégia de defesa adotada no
processo que tramita contra ele no Conselho de Ética da Câmara fizeram com que
ele ganhasse apelidos que variam de "mago do regimento" a "rei
da manobra".
Mas até onde essa fama é verdade ou
mito? Cunha chegou à Câmara dos
Deputados em 2007 depois de fazer carreira como executivo da antiga Telerj e da
Xerox. Ele também passou um breve período como deputado estadual no Rio de
Janeiro (entre 2001 e 2003). A fama de "rei da manobra" ganhou força
nos últimos dois anos, quando o político conseguiu ao mesmo tempo reverter ou acelerar
votações de seu interesse e praticamente paralisar o processo por quebra de
decoro parlamentar que tramita contra si no Conselho de Ética da Câmara.
A tentativa de reconstruir a
trajetória que levou Cunha ao apelido esbarra no pequeno número de pessoas da
sua equipe dispostas a falar abertamente sobre ele. Com o chefe alvo de
processos no Conselho de Ética e no STF (Supremo Tribunal Federal), os
assessores mais próximos preferiram não se manifestar sobre o assunto. Cunha
é economista formado no início da década de 80 pela Universidade Cândido
Mendes.
E é justamente a ausência de uma
formação acadêmica em direito que chamou a atenção de Mozart Vianna, servidor
aposentado da Câmara que atuou durante quase 24 anos como secretário-geral da
Mesa Diretora. O cargo é uma espécie de "braço-direito" do presidente
da Casa e é o encarregado por, entre outras coisas, auxiliar na condução das
sessões no plenário. Vianna é tido por colegas e políticos como um dos maiores
especialistas no regimento interno da Câmara. "Para alguém que não tem
formação em direito, ele surpreende. Naquela época (em que Cunha era líder do
PMDB), as pessoas me falavam que ele levava coisas para estudar em casa durante
a noite.
Ele mostrava um grande domínio das
normais regimentais. Discutia, debatia de igual para igual com qualquer um
sobre as normas regimentais", diz Vianna. Maioridade penal, reforma
política, sessões do Conselho de Ética: Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se tornou
conhecido pela habilidade em usar o regimento a seu favor. Vianna
diz também que parte da habilidade de Cunha com as leis é resultado de sua
atuação como vice-líder e líder do PMDB. "Além de relatar algumas matérias
da área econômica, ele também estudava muito para dar a orientação à bancada
sobre outros projetos de lei.
Quando ele dava uma orientação, a
gente via que ele tinha estudado o assunto profundamente", explica. O
assessor parlamentar Ademar Freire tem 43 anos de experiência na Câmara e
trabalhou com Cunha na liderança do PMDB. Ele diz que uma das características
mais marcantes do então líder do partido era uma pastinha que ele carregava.
Vejam só, que descoberta excepcional. O cidadão consegue manobrar os
outros 500 e tantos, somente porque lê muito. E lê apenas o Regimento da
Câmara. Imagine quando ele acabar de ler a Constituição. Vai dominar o País...
Por: Professor Chagas
Nenhum comentário:
Postar um comentário