Nós, no entanto, temos demonstrado uma grande
incapacidade de nos aproximar desse patrimônio de forma inteligente. E temos demonstrado uma enorme dificuldade de conviver com o nosso próprio meio ambiente. Quando
queremos produzir alimentos destruímos a floresta inteira, poluímos os rios, o
ar, jogamos veneno que contamina as nossas próprias nascentes de água; Quando
queremos construir nossas moradias provocamos os maiores desastres ambientais,
que depois resultam em muitos desconfortos na nossa vida; Quando resolvemos
criar animais domésticos tocamos fogo na floresta, queimando a sua camada de
nutrientes para plantar capim; Quando tocamos fogo não nos importamos de expulsar
das matas os animais e os pássaros que são responsáveis pelo equilíbrio
fitossanitário das nossas vilas e povoados; Quando nos deslocamos de um lugar
para outro, causamos grandes poluições do ar causando doenças
respiratórias nas nossas crianças e nos nossos idosos.
Portanto, fica claro que nós devíamos
procurar aprender com a milenar cultura dos povos indígenas. A miopia econômica neste
caso está em não nos aliarmos com eles para absorver as suas experiências e os seus incontestáveis conhecimentos para agregarmos ao nosso pobre modo de vida.
Teriamos muito a ganhar com os conhecimentos e experiências relativas a clima, tempo,
temperatura, sobrevivência na selva, medicina natural, biologia, equilíbrio
ecológico, história, geografia, geologia, desenvolvimento florestal, navegação, caça, pesca, botânica, química, agronomia, agricultura que são próprios dos povos indigenas.
O nosso estado de Rondônia registra em seu território uma quantidade bem
expressiva de etnias indígenas com culturas, costumes e conhecimentos
diferenciados. Somente no município de Guajará-mirim, habitam oito etnias, através das quais o município poderia estar explorando um roteiro turístico, atraindo
visitantes para conhecer a cultura e gerar riquezas tanto para esses povos quanto para o município. Em termos de estado já poderíamos estar promovendo A FESTA DAS NAÇÕES INDIGENAS DE RONDONIA, evento que poderia ser realizado
anualmente em tres etapas, aproveitando as estruturas dos Parques de Exposições de Porto Velho, Ji-Paraná e Vilhena, por exemplo.
Por outro lado, a quantidade de terras indígenas existentes em Rondônia,
nos permite implantarmos o turismo étnico, que é uma modalidade de turismo
praticado através da interação dos moradores das cidades com os moradores de
áreas indígenas. Essa modalidade também se aplica as comunidades quilombolas.
No Brasil, o turismo étnico é
explorado no Sul do país, entre populações descendentes de imigrantes que, além
de exibirem uma cultura que tem relação com suas origens européias, promovem
festivais, como a OktoberFest. O turismo étnico é uma
subdivisão do turismo cultural ligada ao interesse de conhecer
características de etnias específicas. O turista que pratica o etno-turismo é
um indivíduo que busca conhecimentos relacionados à cultura de diferentes
etnias. Nessa atividade o valor está relacionado com conceitos e se insere no rol da economia criativa
Por ultimo, as diversas manifestações
culturais dos nossos povos indígenas poderiam estar sendo divulgadas através do
teatro e do cinema, artes que têm o poder de traduzir o modo de vida, as
manifestações, os costumes os saberes, as crenças, as lendas e os sonhos das
pessoas.
A nossa miopia econômica está em não valorizarmos os
nossos povos indígenas que assim como a própria Amazônia, têm um alto poder de
atração e de promoção. A aproximação com esses povos certamente, traria uma
visibilidade planetária para o nosso estado além de gerar muitas riquezas e
muitos empregos para os nossos jovens, sem contar que contribuiria muito para
melhorar a qualidade de vida das próprias comunidades indígenas.
Os povos indígenas assim como os seringueiros
tem um modo de vida bem peculiar que atrai a curiosidade de muita gente. O
turismo étnico-experiencial é a atividade adequada para uma essas comunidades
tornarem suas culturas conhecidas, gerando riquezas e bem estar para as
famílias.
Portanto, nós deveríamos nos orgulharmos de
termos em nosso estado tantas etnias indígenas com um enorme patrimônio
cultural e já devíamos estar promovendo a interação com essas comunidades para,
através do turismo, gerarmos riquezas e melhoria de vida para essas
comunidades.